quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Sócrates, Cristo e o Papa Francisco.



As primeiras páginas dos manuais de filosofia mostram um personagem determinante que favorece uma ruptura com o modo hegemônico de fazer filosofia e política, presente na filosofia naturalista e na aristocracia grega.
Sem digladiar com os estudiosos da filosofia acerca da historicidade de Sócrates (469 a.C), costumo dizer que toda autêntica filosofia é genuinamente socrática. Naquilo que chamam de método socrático, está contido todo o espírito da filosofia, enquanto atividade crítica e libertadora.
Nesta breve parábola socrática, assume posição de relevo, a relação estreitada com a juventude de Atenas. Sócrates é conhecido como alguém que mostra aos jovens atenienses, que são capazes de assumir o protagonismo na prazerosa tarefa de construção do conhecimento.
Sócrates é daquelas pessoas que acredita que a verdade está dentro de nós. Dotada de uma gama infinita de elementos, a psique humana deve extraí-la para elaborar suas próprias conclusões. Deste modo, se delineia o papel do filósofo não como um doutrinador, alguém que traz respostas prontas, mas um companheiro dos que buscam a razão de ser do conhecimento, isto é a verdade.
Dentro do horizonte socrático, encontramos a célebre expressão que norteia todo itinerário deste grande responsável pela revolução política, filosófica e cultural de Atenas, sintetizada no apelo: “Conhece-te a ti mesmo”.
Neste momento, se estabelece algumas relações entre as posturas destes grandes jovens da humanidade, a saber, Sócrates e Cristo. Ao longo do Evangelho de João (8,32), lemos o fruto da verdade buscada tanto pela filosofia, quanto pela religião: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. E no Evangelho de Marcos (8,34), encontramos este questionamento: “Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?”.
No diálogo entre socratismo e cristianismo, a verdade possui caráter libertador, propõe o distanciamento das parcialidades, que a impedem de realizar sua atividade primordial, que consiste na conquista de nós mesmos, qual ponto de partida para a construção de uma sã alteridade, comprometida com o outro no percurso que compreende a caducidade e a autenticidade da humana existência.
É quanto tem nos dito o Papa Francisco, nas suas homilias despidas de erudição, mas repletas de sentimento, alegria e compaixão. E particularmente, durante a Jornada Mundial da Juventude, realizada no Rio de Janeiro em 2013 (23-28 de julho), o Papa pediu aos jovens que sejam revolucionários e tenham a coragem de ser felizes.
Revolução e felicidade foram metas dos jovens Sócrates, Cristo e Francisco de Assis, são também do Papa Francisco e de milhares de outros jovens deste tempo.

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