As
primeiras páginas dos manuais de filosofia mostram um personagem determinante
que favorece uma ruptura com o modo hegemônico de fazer filosofia e política, presente
na filosofia naturalista e na aristocracia grega.
Sem
digladiar com os estudiosos da filosofia acerca da historicidade de Sócrates
(469 a.C), costumo dizer que toda autêntica filosofia é genuinamente socrática.
Naquilo que chamam de método socrático, está contido todo o espírito da
filosofia, enquanto atividade crítica e libertadora.
Nesta
breve parábola socrática, assume posição de relevo, a relação estreitada com a
juventude de Atenas. Sócrates é conhecido como alguém que mostra aos jovens
atenienses, que são capazes de assumir o protagonismo na prazerosa tarefa de construção
do conhecimento.
Sócrates
é daquelas pessoas que acredita que a verdade está dentro de nós. Dotada de uma
gama infinita de elementos, a psique humana deve extraí-la para elaborar suas
próprias conclusões. Deste modo, se delineia o papel do filósofo não como um
doutrinador, alguém que traz respostas prontas, mas um companheiro dos que
buscam a razão de ser do conhecimento, isto é a verdade.
Dentro
do horizonte socrático, encontramos a célebre expressão que norteia todo
itinerário deste grande responsável pela revolução política, filosófica e
cultural de Atenas, sintetizada no apelo: “Conhece-te
a ti mesmo”.
Neste
momento, se estabelece algumas relações entre as posturas destes grandes jovens
da humanidade, a saber, Sócrates e Cristo. Ao longo do Evangelho de João (8,32),
lemos o fruto da verdade buscada tanto pela filosofia, quanto pela religião: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.
E no Evangelho de Marcos (8,34), encontramos este questionamento: “Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo
inteiro e perder a sua alma?”.
No
diálogo entre socratismo e cristianismo, a verdade possui caráter libertador,
propõe o distanciamento das parcialidades, que a impedem de realizar sua
atividade primordial, que consiste na conquista de nós mesmos, qual ponto de
partida para a construção de uma sã alteridade, comprometida com o outro no percurso
que compreende a caducidade e a autenticidade da humana existência.
É
quanto tem nos dito o Papa Francisco, nas suas homilias despidas de erudição, mas
repletas de sentimento, alegria e compaixão. E particularmente, durante a
Jornada Mundial da Juventude, realizada no Rio de Janeiro em 2013 (23-28 de
julho), o Papa pediu aos jovens que sejam revolucionários e tenham a coragem de
ser felizes.
Revolução
e felicidade foram metas dos jovens Sócrates, Cristo e Francisco de Assis, são também
do Papa Francisco e de milhares de outros jovens deste tempo.
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