O
brilhantismo presente no pensamento de Aristóteles mostra um projeto que compreende
a filosofia enquanto teorética e prática. A filosofia teorética está
concentrada sobre o conhecimento em si mesmo, desvinculado de uma praticidade.
É quando buscamos o conhecimento pelo simples prazer que reside no ato de conhecer.
A filosofia prática, resultado da especulação, evidencia de modo específico as
repercussões desta mesma no cotidiano, no conjunto de ações que interligam os
indivíduos.
A
filosofia adquire proporções tais com Aristóteles, ao ponto de ser apontada
como ferramenta insubstituível para alcançar o escopo que entrelaça as metas
dos indivíduos, muito além da esfera social, econômica e religiosa: a
felicidade. Construí-la é imprescindível, para que nos realizemos enquanto
seres humanos.
Se
perguntássemos a Aristóteles o que fazer para buscar a felicidade, ele nos pediria
para cultivar as virtudes, as que moldam o caráter, chamadas de éticas e as que
aprimoram o intelecto, conhecidas como intelectivas.
No
vocabulário de Aristóteles, virtude ética e intelectiva, implica sempre uma
situação de excelência, uma marca registrada reconhecida pela capacidade de dissipar
os males da escassez e do excesso, através de uma justa medida, que exala equilíbrio
e ponderação. Eis onde mora o sonho de tudo o que é adjetivado como filosofia: tornar-nos
hábeis na tarefa de agir com sabedoria.
Esta
virtude intelectiva não é propriedade exclusiva da filosofia. Na Sagrada Escritura,
com o seu existencialismo teocêntrico, encontra-se um livro dedicado ao cultivo
da Sabedoria e, sobretudo, na busca de Salomão percebemos que a Sabedoria
mantem religião e filosofia numa profícua relação.
Utilizado
durante a filosofia medieval pelos expoentes da Patrística, o livro da
Sabedoria é o mais novo do Antigo Testamento, o que reforça a parceria entre as
propostas hebraica e grega. O que buscamos é guiado pelo desejo de Salomão de
tornar-se hábil na distinção entre o bem e o mal, indispensável para governar
Israel. É desta forma que Deus responde ao anseio de Salomão: “Porque foi este o teu pedido, e já que não
pediste para ti vida longa, nem riqueza, nem a vida dos teus inimigos, mas
pediste para ti discernimento para julgamento, vou fazer como pediste: dou-te
um coração sábio e inteligente, como ninguém teve antes de ti e ninguém terá
depois de ti”. (1 Reis 3,10-12)
O
que ouvimos através dos meios de comunicação sobre o templo inaugurado no dia
31 de julho, em São Paulo, agride as propostas de Aristóteles e Salomão. O
templo do Brás cultua outras metas econômicas, fraudulentas e eleitoreiras,
está infinitamente distante do propósito da Sabedoria.
Conclusão: de Deus vem o verdadeiro conhecimento, pois Ele é a própria sabedoria
ResponderExcluir