Quantos
de nós, nas mais diversas situações já nos perguntamos: o que é a verdade? Esta
indagação segue o trabalho da filosofia, que por vezes a apresenta com as
vestes do relativismo, propondo que o fato de termos uma concepção de verdade
hoje e outra amanhã, com diferentes conotações, prova claramente que não existe
a verdade, mas sim, um conjunto de verdades, utilizado para responder aos
nossos interesses.
Distanciando-se
do relativismo que torna a verdade, refém do historicismo, a filosofia a
apresenta com as vestes da metafísica, isto é, de uma indagação que identifica
os passos da verdade no decorrer dos períodos históricos, mostrando que a
verdade não é a laboriosa fabricação de nenhum destes, mas pelo contrário, é
algo que os precede, que está supremamente além. Noutros termos, a verdade é
meta-histórica.
Considerando
o opúsculo “Sobre a Verdade”, escrito
por Anselmo, percebemos que o filósofo, reflete sobre a verdade identificando-a
com a noção de retidão. Séculos mais tarde, outro nome ilustre da medieval, qual
Tomás de Aquino (séc. XIII), numa obra que receberá o mesmo título privilegiado
por Anselmo (séc. XI), conceberá a verdade através da noção de adequação.
Para
o autor do opúsculo que inspira este artigo, verdade, retidão e justiça são
inseparáveis ao ponto de formarem uma só realidade. A verdade é aquela que
imprime retidão na linguagem, na vontade, nos sentidos. Deste modo, sentir,
desejar e expressar são responsáveis pela coloração da verdade que caminha
sobre as águas do mar da história, esperando ser percebida.
Certamente
os passos da verdade, são dotados de um aspecto questionável, que se esclarece
numa sucessão histórica e possuem também um aspecto evidente por si mesmo, através
do qual a reconhecemos, num fluxo de circunstâncias, que marcam a dinâmica do
conhecimento.
Se
relacionássemos tais aspectos com um exemplo visto por milhões de pessoas
nestes dias, elegeríamos as atuações da seleção canarinho, na Copa do Mundo,
realizada neste querido Brasil, por vezes cansado de emergir.
Discorrendo
sobre a seleção brasileira, a adjetivamos como pentacampeã, mas é questionável
o uso feito desta verdade conquistada nos precedentes mundiais. A lição deixada
por esta Copa mostrou que a verdade não cabe em nossos bolsos, que é impossível
trancá-la em nossas caixas.
A
Copa expôs que a verdade desmascara os disfarces ideológicos, faz perceber as
distâncias entre parecer e ser. A verdade sentida, desejada e expressada não é
um trono sobre o qual repousamos majestosamente, mas um caminho repleto de
surpresas. Somos sempre seres menores diante da grandeza da verdade.
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