O solo da Brasilopolis
é fértil e heterogêneo, e isto justifica a vastíssima diversidade dos seus
produtos sociais, por vezes opostos e até antagônicos. A variedade é algo que a
acompanha desde cedo, de modo que a sua própria história é mestiça, pluralista
e miscigenada. A sua vegetação lança a suavidade da sombra sobre uns e a dureza
da seca sobre outros. Uns são presenteados por mares e rios, outros são
desprovidos das quantidades mínimas de água, para responder aos quesitos
basilares da sobrevivência humana.
Uns possuem mansões e transporte aéreo,
outros não possuem moradia e são lesados na tal liberdade de ir e vir. Uns são
detentores de grandes títulos acadêmicos, outros são ameaçados no exercício da
cidadania, pois sequer sabem ler e escrever.
Talvez seja por isso que a Brasilopolis é conhecida como país de
contradições e país do futuro, pois o seu presente é instável, como a areia
movediça que nos suga. A Brasilopolis
está sempre em busca de estabilidade. Este seu grande sonho é sempre
parcialmente realizado.
Se traçássemos um perfil dos seus habitantes
para daí conceituarmos o antropos, não diríamos com Aristóteles que somos
animais políticos, nem com Hobbes que somos lobos ferozes, mas que somos
naturalmente desiguais.
Na Brasilopolis
nunca existiram condições iguais para todos, nem foram constatadas as reais
repercussões do princípio de isonomia cristalizado na carta magna de tantas
nações, e é isto que a torna tão atraente quanto ameaçadora.
Há sempre alguém que não respeita a linha de
partida durante as corridas sociais promovidas para divertir, distrair e
ludibriar, aqueles que contestam os coetâneos, pela falta de interesse e de
participação efetiva na dinâmica política deste país intrigante.
Dentre os poucos ilustres deste grande país
de maravilhas e misérias, ressaltaríamos Brasilino,
um desses camaradas que chamamos de gente boa. Este amigo sempre foi alguém
muito simples, de origens humildes. Um sujeito inofensivo, que não tinha as
condições necessárias para ocupar altos cargos nesta enorme Brasilopolis.
Por conta destas características, Brasilino e os seus amigos, nunca foram
levados a sério. Nos trabalhos realizados, encontrou um objeto desconhecido e
inestimável. Foram necessários anos para que aprendesse a manuseá-lo e
dominá-lo. Aprendeu a tocá-lo, ouvi-lo e sensibilizá-lo. Utilizando-o, passou a
ser notado, realizou grandes coisas, para si e os seus amigos com os quais
dividiu tamanha descoberta.
Com tal objeto, assumiu a política da Brasilopolis, destituindo aqueles que
sempre a governaram. Brasilino deu um
nome ao seu objeto que se tornou um amuleto inseparável. Como é que o chama? É
chamado de pessoa humana.
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