domingo, 1 de fevereiro de 2015

Filosofia, Pergunta e Resposta.



“Filosofia? Num curso de Educação física?” Fui abordado recentemente com esta pergunta num local todo especial que se chama sala de aula. Diante destas perguntas curtas, aparentemente ingênuas é natural que surja o embaraço. O fato de se encontrar com a pergunta que não foi diretamente preparada pelo docente que apresenta um determinado conteúdo, que explicita um plano de aula, como se diz em sede escolar, impõe a exigência de rápida decisão entre os conhecidos sensos comum e crítico.
Acredito que quando o docente se deixa levar pelo senso comum, a resposta para a pergunta seguiria esta direção: “Por favor, não atrapalhe. No momento expomos algo inteiramente diferente. Guarde a pergunta para outro momento mais apropriado”. Por outro lado, quando o docente opta pelo senso crítico, penso que se privilegia a pergunta apresentada, se agradece pela coragem de tê-la construída, num momento repleto de respostas, mas carente de perguntas.
Dentre as características da pergunta cabe ressaltar a sua capacidade de rejuvenescer. A pergunta desafia, mostra possibilidades até então desconhecidas. A pergunta se rebela contra pontos finais e se harmoniza apenas com pontos continuativos. Existem sempre elementos filosóficos que originam a genealogia da pergunta.
A resposta por sua vez, se destaca pela sua capacidade de envelhecer. A resposta que conclui e encerra a discussão, jamais caminhará de mãos dadas com a pergunta. A resposta que nutre tal pretensão odeia a pergunta. Enquanto a resposta quer descansar, a pergunta deseja sempre recomeçar. Entre pergunta e resposta há um verdadeiro conflito de interesses.
A resposta acomoda, enquanto a pergunta faz pensar. O que a filosofia anda fazendo por aí? Parafraseando o dito popular “de galho em galho”, diríamos “de curso em curso”. Não basta o próprio curso de filosofia nos centros acadêmicos? Que ideia é essa de colocar uma cadeira para a filosofia sentar nos primeiros semestres dos cursos? A filosofia não gosta é de permanecer sentada e muito menos de ver pessoas sentadas.
Assim responderia aos companheiros de aula. Nos cursos que frequenta por aí, a filosofia quer impedir que permaneçamos sentados. Mas, como assim? Sentados sobre o material didático. Sentados sobre a própria aula. Sentados sobre a razão, impedindo-a de questionar a realidade circunstante. Sentados sobre os sentimentos, impedindo-se de criar laços de amizade no espaço escolar. E ainda pior: sentados sobre si mesmos.
A educação somente atingirá os seus verdadeiros fins quando for capaz de provocar movimento. Aliando-se ao filosófico a educação física além de treinar braços e pernas, combaterá o grande perigo do sedentarismo mental.

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