“Filosofia?
Num curso de Educação física?” Fui abordado recentemente com esta pergunta num
local todo especial que se chama sala de aula. Diante destas perguntas curtas,
aparentemente ingênuas é natural que surja o embaraço. O fato de se encontrar
com a pergunta que não foi diretamente preparada pelo docente que apresenta um
determinado conteúdo, que explicita um plano de aula, como se diz em sede
escolar, impõe a exigência de rápida decisão entre os conhecidos sensos comum e
crítico.
Acredito
que quando o docente se deixa levar pelo senso comum, a resposta para a
pergunta seguiria esta direção: “Por
favor, não atrapalhe. No momento expomos algo inteiramente diferente. Guarde a
pergunta para outro momento mais apropriado”. Por outro lado, quando o
docente opta pelo senso crítico, penso que se privilegia a pergunta
apresentada, se agradece pela coragem de tê-la construída, num momento repleto
de respostas, mas carente de perguntas.
Dentre as
características da pergunta cabe ressaltar a sua capacidade de rejuvenescer. A
pergunta desafia, mostra possibilidades até então desconhecidas. A pergunta se
rebela contra pontos finais e se harmoniza apenas com pontos continuativos.
Existem sempre elementos filosóficos que originam a genealogia da pergunta.
A resposta
por sua vez, se destaca pela sua capacidade de envelhecer. A resposta que
conclui e encerra a discussão, jamais caminhará de mãos dadas com a pergunta. A
resposta que nutre tal pretensão odeia a pergunta. Enquanto a resposta quer
descansar, a pergunta deseja sempre recomeçar. Entre pergunta e resposta há um
verdadeiro conflito de interesses.
A resposta
acomoda, enquanto a pergunta faz pensar. O que a filosofia anda fazendo por aí?
Parafraseando o dito popular “de galho em galho”, diríamos “de curso em curso”.
Não basta o próprio curso de filosofia nos centros acadêmicos? Que ideia é essa
de colocar uma cadeira para a filosofia sentar nos primeiros semestres dos
cursos? A filosofia não gosta é de permanecer sentada e muito menos de ver
pessoas sentadas.
Assim
responderia aos companheiros de aula. Nos cursos que frequenta por aí, a
filosofia quer impedir que permaneçamos sentados. Mas, como assim? Sentados
sobre o material didático. Sentados sobre a própria aula. Sentados sobre a
razão, impedindo-a de questionar a realidade circunstante. Sentados sobre os
sentimentos, impedindo-se de criar laços de amizade no espaço escolar. E ainda
pior: sentados sobre si mesmos.
A educação
somente atingirá os seus verdadeiros fins quando for capaz de provocar
movimento. Aliando-se ao filosófico a educação física além de treinar braços e
pernas, combaterá o grande perigo do sedentarismo mental.
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