O II Seminário Fé e Política
“Dom Helder Câmara: Fé, política e realidade local”, realizado durante os dias
08 e 09 de agosto com a colaboração do Conselho arquidiocesano de leigos (Conal),
OAB e UFS, nos colocou diante das relações que entrelaçam fé e atividade política.
Estabelecidas a partir do pluralismo sociocultural vigente na sociedade, tais
relações evitam as instrumentalizações reducionistas e constroem pontes largas
e seguras em prol das concretizações da cidadania.
Com esta irrequieta noção que
implica vários desdobramentos, construímos a mais sólida das relações entre fé
e política, pois esta revela o escopo comum almejado por ambas. Se a boa
política visa o crescente exercício da cidadania, a fé autêntica procura as
melhores repercussões do seu próprio ato de crer.
Aqui recordamos um grande
homem cristão, que dedicou o seu itinerário intelectual para mostrar a possibilidade
de relacionar fé e política sem confundi-las e respeitando as suas identidades.
Jacques Maritain, através de tantas obras, como “O filósofo na cidade”; “O
Homem e o Estado”; “Humanismo integral” e outras, mostrou que juntas, fé e
politica, transformam-se em ferramentas indispensáveis para todo verdadeiro
processo de humanização.
Escrita nos anos trinta,
“Humanismo Integral” suscitou grande admiração pelo teor inovador e pela capacidade
de articulação, mas reservou também muitas críticas, colocadas sobre os ombros
de Maritain. Neste período da história, a democracia era algo novo, até mesmo
pouco confiável, não se sabia para onde nos levaria e todas estas tensões
pairavam sobre a obra de Maritain, que diante da crise das monarquias
europeias, trazia a proposta de uma aproximação entre fé e política
democrática.
Dentre as acusações que
atingiram o trabalho realizado por Maritain, destaca-se a que consiste em
compreender a obra “Humanismo Integral”, como o ato de fundação de um partido
político próprio da Igreja católica. Nesta direção caminharam nomes ilustres
como Eduardo Frei, Manuel Ordóñez, Franco Montoro, Amoroso Lima e outros que
deram vida ao chamado “Movimento de Montevidéu”.
Com a clareza que
caracteriza a perspectiva francesa, Maritain responde aos seus críticos
afirmando que com a obra “Humanismo Integral” não deseja criar um partido da
Igreja católica, mas sim inseri-la na complexidade dos partidos políticos.
Recordando dom Helder Câmara,
o homem que dinamizou a Igreja católica e a sociedade brasileira, o II
Seminário Fé e Política retomou o sonho de Maritain: despertar o cristianismo, para
que as suas forças vitais inspirem uma atividade política sempre mais
comprometida com o valor inalienável que é a pessoa humana.
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