sábado, 1 de novembro de 2014

Salve! Salve! Educação!



Há poucas décadas, certos iluminados da educação teorizaram que os processos educacionais atingiriam maiores resultados somente quando estivessem distantes de qualquer aspecto de patriotismo. Era o fim de algumas disciplinas como Educação moral e cívica e Organização Social Política Brasileira (OSPB).
Deste modo, formamos uma geração que desrespeita os representantes democraticamente instituídos, que não sabe colocar-se diante da bandeira da pátria e desconhece o hino nacional (e nem falemos sobre a bandeira e o hino estaduais).
Constatamos o esvaziamento do civismo, tão ausente numa geração de crianças, adolescentes e jovens que desonram os idosos e as idosas que trabalharam e prepararam as cidades por eles frequentadas. Insatisfeitos com estas chamadas amarras da educação, tais iluminados, em busca de um processo educacional inteiramente livre, postularam o afastamento de todo caráter religioso. Eis aí uma geração distante do cívico e do religioso.
Quais são os resultados obtidos com a ausência destes fundamentos nas escolas frequentadas por nossas crianças? As escolas dos nossos filhos foram humanizadas? Tornaram-se lugares mais seguros? Os nossos pais estão tranquilos quando sabem que os filhos estão nas escolas? As escolas se destacam pelo nível de produção de conhecimento? Ou por práticas que mais parecem com os cenários dos relatos policiais dos telejornais? E os tais iluminados da educação, ainda continuam de plantão? O que precisamos retirar agora da educação?
Como se não bastasse, um grupo seleto dentre estes iluminados, enxerga nos docentes, a causa dos males que assolam a educação contemporânea. Ora, de que queremos acusá-los? Acusá-los de serem brutalmente ameaçados e agredidos pelos alunos quando não alcançam a nota desejada?
Acusá-los de trabalhar sem as mínimas condições para tal? De trabalhar com salários atrasados, defasados, distantes do tão badalado piso nacional? De protestar contra um salário que não representa o esforço realizado ao longo de uma licenciatura com suas respectivas especializações? De protestar contra um salário que não lhes garante direitos ao lazer e cultura assegurados pela constituição federal, que ainda recebe o cândido adjetivo de cidadã?
Ou seria apropriado acusá-los de não desistir diante das dificuldades impostas por um Estado que delega sempre mais ao privado os próprios deveres? Vamos acusá-los de apostar a vida em prol da defesa deste tesouro nacional que jamais será leiloado e muito menos sucateado? As imensas reservas deste tesouro nacional são formadas por cada criança, adolescente, jovem, adulto e idoso, cada brasileiro que não se terceiriza e nem foge à luta. Salve! Salve! Educação!

2 comentários:

  1. Grande professor João, desde já saudações de seu aluno do 1º período matutino de Direito da FANESE, Luiz Frank.

    Queria poder fazer duas reflexões repletas da humildade iniciática de quem apenas adentra pelo campo tão presente e tão contemporâneo da Filosofia no exame de questões que representam nossa eterna busca de uma civilização mais humana e menos materialista, de uma sociedade cada vez mais justa e igualitária.
    Gostaria de lançar uma reflexão sobre estes dois alvos clássicos buscados pela idéia de justiça no Direito, o primeiro de "equilíbrio social" e o último de "dar a cada um o que é seu".
    Preocupa-me uma percepção que tais noções foram apropriadas por um sistema de referências sociais do poder estabelecido, pelo sistema político de poder, que permite usar tais fundamentos a serviço dos interesses da estrutura ideológica construída a serviço de mecanismos de profunda desigualdade social e elementos de disparidade da busca do "justo" e da equidade, da virtude.
    Faço-me lembrar as ponderações de Aristóteles apresentadas por Platão que mesmo uma sociedade democrática pode se degenerar para uma forma corrompida de poder chamada de Demagogia, onde a idéia de justiça social e equidade pode se tornar uma expressão legítima de opressão em benefício de privilégios.
    Quero significar que a noção de equilíbrio social que tem sido apresentada na "praxis" de nossas dinâmicas sociais , tem sido de um equilíbrio interpretado como o funcionamento "normal" das instituições públicas e privadas, pela normalidade do cotidiano nas ruas, pela ausência de grandes movimentos sociais de contestação ou de protesto, pelo desempenho mediano e incontestável da economia, pela normalidade dos entes de consumo nas prateleiras dos mercados, pela tranquilidade na liberdade de ir e vir. Um equilíbrio social havido muito mais como um sinônimo de "normalidade" das coisas como elas são e estão, ou seja um equilíbrio que representada a manutenção e cristalização do "status quo' da sociedade a serviço das relações desiguais de poder, com a forte preponderância do poder econômico influenciando o poder político e as relações sociais.
    Concluindo queria levar essa reflexão ao mesmo postulado de busca do "dar a cada um o que é seu" na busca do ideal de justiça, perguntado-se por exemplo se um trabalhador da construção civil - que ao final de uma longa jornada mensal de trabalho adquire uma remuneração completamente distante da satisfação de suas necessidades básicas de vida - está de fato recebendo aquilo que "é seu", ou se um grande latifundiário detentor de milhares de equitares de terras realmente detém aquilo que "é seu", ou se um pobre trabalhador do campo morando nas margens de uma rodovia federal tem aquilo que lhe é devido, embora não haja nenhum litígio jurídico entre esses entes sociais.
    Quero acreditar que essa noção de justo pertencimento foi apropriada pelo Direito dentro de uma visão não provinda da reflexão filosófica mas de uma realidade ideológica fruto de amplas e entranhadas desigualdades sociais e relações desequilibradas de poder a serviço de uma sociedade repleta de contradições de classes.
    Finalizando eu diria que me parece muito mais justo filosoficamente que este ideal de equilíbrio social se quedasse ao ideal de igualdade social, e que aquele último de "dar a cada um o que é seu" pudesse dar lugar a "dar a cada cidadão meios e oportunidades iguais na sociedade".

    Agradecimentos grande mestre.


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