As
valiosas descobertas científicas e tecnológicas, os avanços socioeconômicos, as
reduções de mortalidade infantil, a crescente expectativa de vida e outros
elementos que formam o contemporâneo, fazem perguntar: Precisamos mesmo da
religião? Não seria um modelo ultrapassado que insistimos em utilizá-lo? Não
seria melhor que a laicidade dos países esbravejasse e expulsasse dos
territórios toda sombra de religião?
Há
questões de cunho religioso que buscam respostas, como por exemplo: Todas as
religiões são iguais? Existem religiões superiores e inferiores? Neste caso,
qual seria o critério de classificação? No contexto sócio-brasileiro, tais
questões exigiriam ulteriores desdobramentos, pois levariam a indagar o fluxo
de religiões que surgem nesta Terra de Santa Cruz: Quais os princípios do
protestantismo, dos credos afro-brasileiros, do espiritismo? O catolicismo tem
algo a dizer? Ou na arena das religiões, o catolicismo se recupera dos nocautes
impostos por religiões jovens e bem treinadas? Há um coeficiente comum entre
Buda e Cristo? Entre Dalai lama e Papa Francisco?
As
especificidades das interrogações apresentadas se reencontram na seguinte
questão: O que é religião? Podemos simplesmente repensá-las de tal modo que a
religião se manifesta como proposta que se apoia sobre uma noção de revelação.
São os deuses que antropomorfizados, se revelam aos seres humanos e satisfazem
desejos mediante a observação de determinadas regras. Sobre os altares dos
deuses gregos e romanos, dos indígenas latino-americanos, dos afro-brasileiros
e de outros povos, repousaram inúmeros sacrifícios, pedindo ou agradecendo um
benefício recebido: uma caça bem sucedida, o êxito da colheita, o retorno dos
conflitos com os inimigos destruídos.
Filho
do hebraísmo, o cristianismo é uma religião do sacrifício. Lembremos das
páginas bíblicas nas quais um pedido é dirigido a Abraão que no diálogo com o
divino, se mostra pronto para oferecer imolado o próprio filho (cf. Gênesis
22,12). A religião esclarece os contornos da revelação do transcendente que se
relaciona com o imanente para beneficiá-lo ou corrigi-lo. Sendo assim, é
correto afirmar que na religião temos uma autêntica ética da revelação.
Baseada
sobre a revelação e o sacrifício, relemos a religião como autêntico lugar da
promessa que insere no presente a constante preocupação com o futuro. Ainda nas
linhas bíblicas, encontramos um diálogo entre Jesus e um personagem que
ilustraria quanto dito. “Que devo fazer
para ter a vida eterna?” (cf. Mateus 19,16-22) evidencia que os modelos
comportamentais presentes na religião, visam algo que ultrapassa o horizonte
circunscrito do imediato. Há uma tensão metafisica na religião, que provoca a
ética e a lança para além de si mesma.
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