A professora Cristina Costa, na sua
obra, “Sociologia: Introdução à ciência
da sociedade” possui um capítulo que aborda “A
sociologia de Durkheim”. Neste, o fato social é apresentado como objeto desta
jovem e intrépida ciência, consolidada nas primícias do século XIX. O fato de
lê-lo como sinônimo de coerção impõe sobre o mesmo um caráter inibidor. É como
se o fato usurpasse aquele protagonismo da pessoa humana ao vivenciá-lo. Assim
deslocada, a pessoa humana é vivenciada, ou melhor, mutilada pelo fato social
que endossa as vestes do opressor.
A coerção enquanto marca
indelével do fato, possui um aspecto legal presente no emaranhado de leis
derivado dos processos de adaptação social e um aspecto espontâneo que diz
respeito aos costumes adotados que regulamentam a sociedade. Nem sempre tivemos
nos lares uma edição da Constituição. O que não significa que os lares foram
desprovidos de lei. Houve um tempo no qual o sinal de pare mais eficaz foi o
olhar dos pais. Não estavam escritas, mas exerceram igualmente o papel das
leis. “Aqui há um horário para chegar!”,
“O seu quarto deve está arrumado!”, “Você tem a obrigação de tirar notas boas!”.
Estas leis não escritas, com bônus e sanções criaram o necessário exercício
para a liberdade. Promulgadas e revogadas por aqueles que por primeiro
apresentaram o caráter distributivo e comutativo da justiça, estas leis
prepararam o uso da liberdade em sociedade.
O fato estimado pela sociologia é
conhecido pela sua exterioridade. Este seria quase uma espécie de ser violento
e faminto, com garras bem afiadas das quais não podemos escapar. O fato na sua generalidade
é um monstro que ataca e devora, assim que começa a tessitura das tramas
sociais. A direção privilegiada por este fato estrangulador é a educação. Há um
leque da cultura francesa que costuma apedrejar a educação apontando-a como
instrumento de opressão, como a transmissora direta de conformismos que
dificultam a construção do conhecimento. Parece ser esta também a leitura feita
por Foucault.
A filosofia diz que há
controvérsias. É correto ler uma ciência apenas a partir da deficiência dos
seus operadores? A medicina está descredenciada pelo erro cirúrgico de um
médico? O direito está cancelado pela má atuação de um advogado? Enxergar o
fato maximizando a sua coercibilidade não seria o mesmo que dilacerá-lo? O fato
apenas coage? Não se extrai do fato a força da projetualidade? O fato não
apenas desabriga, mas ampara. O fato não apenas desapropria, mas motiva. O fato
não apenas aprisiona, mas liberta.
A problematização da liberdade
talvez seja uma das discussões mais intrigantes em sede filosófica. Se os
peixes que sobrevivem no rio Poxim sobrevoassem as ruas da capital sergipana, o
que aconteceria com eles? A liberdade é uma característica inalienável da
pessoa humana? O ser humano é livre de que e para que? A liberdade é concedida
por um Ser supremo ou é preciso conquistá-la? Liberdade e racionalidade se
relacionam? A restrição parece predominar naqueles seres que possuem a noção de
infinito. A ferramenta mais eficaz para a construção da liberdade é o
determinismo. O ato de ser implica determinar.
Muito interessante a vião de ambos abrangem fatos reais do cotidiano. E bem esclarecedor o ponto de vista. Muito produtivo.
ResponderExcluirMuito bom o texto!
ResponderExcluirAh essa tal liberdade que nos leva a contradição !Parabens pelo texto.
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