Missão e amizade com
Deus são realidades inseparáveis na vida de Paulo. É esta relação que o prepara
e o reveste de um zelo extraordinário pelas comunidades cristãs. Escrita por
volta do ano 51, a primeira carta aos tessalonicenses que precede os evangelhos,
é um testemunho maravilhoso desta dedicação de Paulo que expressa seu amor
pelos eleitos de Deus (cf. 1Ts 1,5). O centro da missão desempenhada por Paulo,
não consiste numa espécie de retórica, não reside num apelo ao sentimento privo
de compromisso, nem mesmo na laboriosidade do apóstolo que é claramente
consciente das próprias fraquezas (cf. 2Cor 2,10), mas sim na presença operante
de Deus que age e perscruta o coração (cf. 1Ts 2,4).
A missão é antes de
tudo escola de espiritualidade e busca constante de conversão. O anúncio que
caracteriza a missão não assume tons ameaçadores, mas expressa alegria diante
da comunidade fecundada pela Palavra, que cresce gerando frutos na fé e no amor
recíproco (cf. 1Ts 2,20). Não é intenção de Paulo edificar uma comunidade
transcendental, verticalizada na direção de um Deus impessoal. Crescer na fé
trazida por Cristo implica aceitar os desafios deste amor que aproxima e indica
o intransferível caminho da renúncia de si (3,12).
Revestido de ternura, o
apóstolo não quer ser um peso para a comunidade, nem alguém sustentado pelo
trabalho alheio e, portanto se desdobra para ser exemplo de independência e
autonomia (cf. 1Ts 4,11-12).
O apóstolo não
desempenha a missão como um catedrático, como um renomado professor
universitário ou como um conferencista de alcance internacional. Trata-se de
alguém entrelaçado por uma teia de relações que não são apenas interpessoais,
mas, sobretudo fraternas. Paulo sente saudades de pessoas reais com as quais
compartilhou uma vida real. Cabe a Timóteo, a tarefa de transmitir estes
sentimentos presentes no coração do apóstolo, confirmando que os mesmos também
estão no coração dos cristãos (cf. 1Ts 3,2.6).
A missão anunciada pelo
apóstolo tem uma meta muito clara: crescer na santidade. É este o desejo de
Paulo e antes de tudo é o apelo de Cristo (cf. Mt 5,48). Assim descrita, a
santidade não se confunde com uma introspecção incomunicável, mas gera um ethos, um comportamento concreto
sinalizado pelo apóstolo que denuncia o caso das uniões ilegítimas, e o
necessário cuidado com o corpo que é templo sagrado e não objeto de escravidões
humanas e espirituais como aquelas presentes em Tessalônica (cf. 1Ts 4,3-5).
O apóstolo não quer ver
a comunidade assustada, sob o peso de alarmismos insanos acerca de um retorno
iminente do Cristo Senhor. Datas e especulações sobre este momento tão esperado
não podem deteriorar este precioso dom de Deus que é o momento presente. É aqui
que o Cristo Senhor quer nos encontrar vigilantes na fé e no amor quais filhos
da luz e não das trevas (cf. 1Ts 5,5).
Ao concluir a primeira
carta aos tessalonicenses, Paulo espera que a comunidade tenha apreço por
aqueles que lançam as sementes da Palavra, empenhe-se para que não se apague a
luz do Espírito que constrói o coração dedicado à paz, afastando-o do mal e
aproximando-o de tudo aquilo que é edificante para os irmãos (cf. 1Ts
5,12-13.19.21-22).
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