sábado, 6 de junho de 2015

Religião, Paróquia e Conversão: é preciso mudar o caminho?



O que entendemos por conversão? Precisamos mesmo de conversão? Como compreender a conversão pastoral? “Convergir” e “Divergir” são expressões que marcam a trajetória humana. A divergência estabelece um processo consciente de convergência? Tais questionamentos nos acompanham quando nos colocamos diante de Cristo, o Filho do Deus vivo (cf. Mateus 16,16).
Toda conversão se dá cada vez que percebemos que erramos e perdemos o caminho. A conversão se dá quando vemos que o caminho tomado nos distancia da meta que tínhamos como propósito. Com esta percepção, diante de um cenário diferente e hostil, tomamos as medidas necessárias para retomar o caminho. Entre desesperos e prantos, percebemos que estamos distantes e por isso será fundamental que ouçamos a voz de Cristo, dizendo-nos: “Coragem, eu venci o mundo” (cf. João 16,33).
Na Sagrada Escritura, encontramos modelos que ilustram este aspecto da conversão que implica retomada do caminho. No encontro entre Jesus e Zaqueu, o cobrador de impostos, constata-se uma bela mudança de vida. Como sempre Jesus se antecipa, quebra protocolos, deixa de lado o cerimonial, refaz itinerários para encontrar a pessoa humana na sua inteireza e assim extrair dela os seus tesouros mais preciosos. Visitado, desmontado, reconstruído por Cristo, Zaqueu profere uma das mais incisivas profissões de fé contidas no Livro Sagrado, que repercutem no âmbito da justiça social: “A metade dos meus bens, Senhor, eu dou aos pobres, e, se roubei alguém, vou devolver quatro vezes mais” (cf. Lucas 19,8).
Acredito que estamos diante de um autêntico retrato da Paróquia, não como eu ou qualquer um dos meus irmãos padres achamos melhor, mas como emerge pura da Sagrada Escritura. A Paróquia, esta tenda temporária armada no hoje da história, deve ser Casa da Justiça que deriva da Oração. Oração e Justiça? É possível associá-las? Na Escritura, há um episódio que acentua esta estreita relação entre Justiça e Oração. Quando Jesus se aproxima do Templo, encontra pessoas realizando várias atividades. Trocavam mercadorias, vendiam e compravam. Jesus diz que este Templo perdeu a razão de ser, desviou o rumo, perdeu a direção. Este Templo precisa de conversão. A conversão deste Templo, ou seja, da Paróquia é um fruto da Oração (cf. Mateus 21,13). Esta conversão do Templo, no inteiro conjunto das suas atividades, dos leigos aos padres, implica uma decisão pastoral.
Reunidos em Aparecida (SP), os bispos latino-americanos e caribenhos elaboraram um critério que avalia o processo de conversão da Paróquia. É assim que nos perguntamos: O que fazemos da Casa de Cristo? Esforçamo-nos para torná-la sempre mais Casa desta Oração que gera Justiça? Qual o lugar e o papel dos pobres nas comunidades paroquiais?
“Vocês é que têm de lhes dar de comer”, recorda o Filho do carpinteiro, o mesmo Cristo que celebramos sobre os nossos altares, escondido sob as espécies do vinho e do pão. É claro que para saciá-los é preciso sair e encontrá-los (cf. Mateus 14,16). Quando a Paróquia está em saída, temos o modelo de uma comunidade convertida, menos preocupada com uma simples conservação e muito mais dedicada a esta Oração que gera autêntica e constante Conversão (cf. DAp 370).

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