O que entendemos por
conversão? Precisamos mesmo de conversão? Como compreender a conversão
pastoral? “Convergir” e “Divergir” são expressões que marcam a trajetória
humana. A divergência estabelece um processo consciente de convergência? Tais
questionamentos nos acompanham quando nos colocamos diante de Cristo, o Filho
do Deus vivo (cf. Mateus 16,16).
Toda conversão se dá cada
vez que percebemos que erramos e perdemos o caminho. A conversão se dá quando
vemos que o caminho tomado nos distancia da meta que tínhamos como propósito.
Com esta percepção, diante de um cenário diferente e hostil, tomamos as medidas
necessárias para retomar o caminho. Entre desesperos e prantos, percebemos que
estamos distantes e por isso será fundamental que ouçamos a voz de Cristo,
dizendo-nos: “Coragem, eu venci o mundo” (cf. João 16,33).
Na Sagrada Escritura,
encontramos modelos que ilustram este aspecto da conversão que implica retomada
do caminho. No encontro entre Jesus e Zaqueu, o cobrador de impostos,
constata-se uma bela mudança de vida. Como sempre Jesus se antecipa, quebra
protocolos, deixa de lado o cerimonial, refaz itinerários para encontrar a
pessoa humana na sua inteireza e assim extrair dela os seus tesouros mais
preciosos. Visitado, desmontado, reconstruído por Cristo, Zaqueu profere uma
das mais incisivas profissões de fé contidas no Livro Sagrado, que repercutem
no âmbito da justiça social: “A metade dos meus bens, Senhor, eu dou aos
pobres, e, se roubei alguém, vou devolver quatro vezes mais” (cf. Lucas 19,8).
Acredito que estamos
diante de um autêntico retrato da Paróquia, não como eu ou qualquer um dos meus
irmãos padres achamos melhor, mas como emerge pura da Sagrada Escritura. A
Paróquia, esta tenda temporária armada no hoje da história, deve ser Casa da
Justiça que deriva da Oração. Oração e Justiça? É possível associá-las? Na
Escritura, há um episódio que acentua esta estreita relação entre Justiça e
Oração. Quando Jesus se aproxima do Templo, encontra pessoas realizando várias
atividades. Trocavam mercadorias, vendiam e compravam. Jesus diz que este
Templo perdeu a razão de ser, desviou o rumo, perdeu a direção. Este Templo
precisa de conversão. A conversão deste Templo, ou seja, da Paróquia é um fruto
da Oração (cf. Mateus 21,13). Esta conversão do Templo, no inteiro conjunto das
suas atividades, dos leigos aos padres, implica uma decisão pastoral.
Reunidos em Aparecida
(SP), os bispos latino-americanos e caribenhos elaboraram um critério que
avalia o processo de conversão da Paróquia. É assim que nos perguntamos: O que
fazemos da Casa de Cristo? Esforçamo-nos para torná-la sempre mais Casa desta
Oração que gera Justiça? Qual o lugar e o papel dos pobres nas comunidades
paroquiais?
“Vocês é que têm de lhes
dar de comer”, recorda o Filho do carpinteiro, o mesmo Cristo que celebramos
sobre os nossos altares, escondido sob as espécies do vinho e do pão. É claro
que para saciá-los é preciso sair e encontrá-los (cf. Mateus 14,16). Quando a
Paróquia está em saída, temos o modelo de uma comunidade convertida, menos
preocupada com uma simples conservação e muito mais dedicada a esta Oração que
gera autêntica e constante Conversão (cf. DAp 370).
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