No
texto sagrado, existem inúmeros relatos marcados por esta intrigante presença
da água. Se olhássemos os dois primeiros versículos do primeiro capítulo do
Gênesis, veríamos que o autor sagrado faz compreender que a água precede a
própria obra da criação. Vejamos o texto: “No princípio, Deus criou o céu e a
terra. A terra estava sem forma e vazia, as trevas cobriam o abismo e um vento
impetuoso soprava sobre as águas” (cf. Gênesis, 1,1-2).
Recordamos
a cena do dilúvio, na qual Deus sob o peso da violência humana deseja lavar a
terra de todos os seus males. A mesma água que destrói, salva Noé, o homem
justo e anuncia o início de uma nova criação. É este o pedido de Deus a Noé:
“Eu vou mandar o dilúvio sobre a terra, para exterminar todo ser vivo que
respira debaixo do céu: tudo o que há na terra vai perecer. Mas com você eu vou
estabelecer a minha aliança, e você entrará na arca com sua mulher, seus filhos
e as mulheres de seus filhos” (cf. Gênesis 6,17-19).
Com
as águas do mar, os hebreus escravizados foram libertos das garras dos egípcios
escravizadores, gananciosos e distantes do Deus que viu seu Filho nascer na
extrema pobreza de um curral, como tantos outros filhos de mães que ainda hoje
ouvem o barulho das portas fechadas que retardam e por vezes impedem a
extraordinária renovação da vida. Nas Escrituras, Deus pede a Moisés, o homem
salvo das águas: “[...] ‘Estenda a mão sobre o mar, e as águas se voltarão
contra os egípcios, seus carros e cavaleiros’. [...] As águas voltaram,
cobrindo os carros e os cavaleiros de todo o exército do Faraó, que os haviam
seguido no mar: nem um só deles escapou” (cf. Êxodo 14, 26.28).
Durante
estes dias de conquistas científicas e tecnológicas, ouvimos em diversos
lugares, nas ruas quando paramos diante dos semáforos, nos restaurantes que
tiveram suas atividades ameaçadas, nos templos religiosos, nas escolas públicas
que sofrerão mais uma greve, graças ao governo Jackson, que nega o piso
nacional aos professores e nas escolas de ensino superior, ressoa a seguinte
pergunta: O que seria de nós sem a água? Como é possível que a sociedade
pós-moderna, das cirurgias e transplantes mais sofisticados possíveis,
aprimorando os índices de qualidade de vida, questione-se sobre algo tão
simples?
No
último sábado, dia 09 deste mês, vimos que de fato não só o cavalo de Troia,
mas os de Laranjeiras também reservam surpresas. Com aqueles cavalos sobre a
ponte, acentuou-se o descaso que domina o cenário da coisa pública,
reservando-nos serviços de menor qualidade e quantidade. Estamos ouvindo os
sons dos aplausos ao governo do Estado, Deso, Petrobrás e outras frentes que se
somaram para que 70% da população aracajuana tivesse normalizado o
abastecimento de água nos lares. Será que merecem? Talvez sim, desde que não se
troque remediação por prevenção.
Será
que Tales, filósofo pré-socrático e naturalista, tinha razão? A água é o
princípio de todas as coisas?
Feliz reflexão. Parabéns.
ResponderExcluirGrato... vamos dar passos na socialização do conhecimento...
Excluir