sábado, 18 de abril de 2015

Redução da maioridade penal ou Escola de tempo integral?



Nas chamadas campanhas eleitorais que no ano passado alegraram nossos televisores, todos ouvimos sobre a vida e os milagres realizados pelos candidatos que se mostravam aptos a despertar aquele que está “deitado eternamente em berço esplêndido”. Ouvimos inúmeras promessas que não poderíamos sequer citá-las todas neste momento, mas ao menos uma ressoou como um refrão entoado pelos candidatos, que não mediram esforços para conquistar aquele “click” fundamental que é o voto.
Quase que fomos hipnotizados por este mantra eleitoral proferido pelos candidatos, que dizia: “Escola de tempo integral! Escola de tempo integral!”. Tendo ultrapassado o primeiro trimestre deste tórrido ano, é perceptível que as miragens desenhadas nas campanhas foram dissipadas e fatidicamente nos perguntamos: Onde estão as Escolas de tempo integral? Há alguma Escola de tempo integral neste bairro? Será que nós brasileiros ouvimos errado? Será que na verdade não estavam dizendo: “Corrupção de tempo integral?”.
Não sei se fomos alvo de uma espécie de equívoco coletivo, mas o fato é que as tais Escolas de tempo integral até então não chegaram. A questão, porém não termina por aqui. Estas propostas educativas foram apresentadas nas campanhas como instrumento de inserção social, como lugar de acolhimento e formação dos inúmeros filhos desta “Mãe gentil”.
Estes projetos educativos foram expostos como a grande alternativa traçada pelo Estado brasileiro para acalmar os pais que trabalham dia e noite sem cessar e que, portanto não acompanham os filhos como gostariam de fazê-lo. Até pouco tempo, tais projetos eram a solução que afastaria os nossos filhos do flagelo das drogas, do crime e das variadas formas de violência. Fomos confortados por discursos que bradavam: “Lugar de criança é na Escola”. Será mesmo que os nossos representantes apostam nesta direção?
Há alguns dias, na capital federal, discute-se sobre a redução da maioridade penal (cf. PEC 171/93). Discursos inflamados, defendidos por várias bancadas acolhidas pelo fantástico Eduardo Cunha que de forma magistral, rege a honrosa orquestra dos deputados federais. Sem dúvida os nossos representantes estão preocupados com o fenômeno da violência, que se alastra nas regiões deste país. E uma grande prova desta preocupação social, reside na elaboração desta varinha mágica extraída dos caldeirões de Brasília que num piscar de olhos corrigirá as páginas de violência que não seguem o ritmo carnavalesco da terra que ainda é do samba, visto que nosso futebol está contundido no banco de reserva do cenário internacional.
Enquanto as políticas públicas deste país, permanecerem presas aos efeitos imediatos sem conhecer as suas causas reais, jamais se lerá atentamente a estreita relação entre Educação e Sociedade. E assim, os nossos representantes elaborarão antídotos sempre mais ineficazes e continuaremos assistindo o mesmo drama da “Violência em tempo integral”.

Um comentário:

  1. Professor, eu li uma frase e logo pensei nessa questão da maioridade penal/
    "Fala-se muitos dos jovens, fala-se pouco com os jovens!"

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