Há
algumas décadas ouvimos discursos sociopolíticos acerca do panorama econômico
do Brasil. Destes discursos participaram pessoas de várias classes sociais, das
centrais trabalhistas e das elites intelectuais. Construía-se a busca de uma
identidade comum, capaz de valorizar este personagem conhecido e tão usurpado
nos seus direitos, que é trabalhador brasileiro.
A
chave de leitura sociopolítica consistia em afirmar que: “Empregado não vota em
patrão”. O aprimoramento deste discurso levou inclusive a elaboração de um
partido todo centrado sobre a defesa dos direitos do trabalhador. Passado certo
tempo, ouvimos dos lábios do companheiro, a expressão: “A esperança venceu o
medo”.
Nem
todos os episódios confirmaram esta expressão. Inúmeros casos de corrupção
macularam a face daquele partido que até então se apresentava qual arauto
destemido em defesa do trabalhador brasileiro. Tivemos tantas cenas de
involuções partidárias e muitas daquelas estrelas presas ao peito desapareceram.
De tanto em tanto ouvíamos explicações que diziam: “Estes casos sempre
aconteceram, mas não eram investigados. Agora se investiga muito mais”.
O
fato é que para chegar ao poder aqueles que se diziam empregados assumiram
compromissos com os que sempre foram patrões. E desde a transição governamental
do companheiro para a companheira, gira nos corredores de Brasília este projeto
de lei 4330/2004 que beneficiará milhões de trabalhadores brasileiros. Será
mesmo?
Trata-se
de um projeto que contou com o voto dos deputados sergipanos. Ainda recordamos os
que elegemos como representantes e que favoreceram a aprovação do projeto 4330/2004?
Não custa recordá-los: Adelson Barreto, André Moura, Fábio Mitidieri, Fábio
Reis e não esqueçamos Laércio Oliveira. Este foi um dos responsáveis por tirar
o projeto 4330/2004 da gaveta. Sabemos que há uma relação estreita entre o deputado
Laércio e a Multiserv que terceiriza serviços no Estado, mas acredito que esta
tal Multiserv não será beneficiada com este projeto de lei, talvez os únicos
beneficiados sejam apenas os trabalhadores.
Os
deputados federais favoráveis e até mesmo alguns sindicatos sustentam que
teremos mais empregos no Brasil. Uma leitura do projeto não leva a esta
conclusão. Isto sim seria algo que deveria contar com uma ampla consulta
popular visto que na verdade até algumas entrevistas não esclarecem que com a
aprovação no Senado, o trabalhador terceirizado ao sentir-se lesado, recorrerá
ao “tomador de serviço” somente após aqueles embates imensos e inconclusivos entre
a “contratada” e a Justiça.
É
preciso dizer que com o fim do concurso público o projeto 4330/2004, reativa o
trem da alegria retirando a meritocracia do âmbito trabalhista da democracia.
Não é verdade que teremos mais empregos, surgirão mais subempregos que sequer
contarão com as reivindicações oriundas dos sindicatos. Uma coisa é certa, terá
mais trabalho na senzala, com uma jornada maior e uma paga menor. Será mesmo
que “A esperança venceu o medo”?