Guiado
pelo Espírito de Cristo o Papa Francisco cria a encíclica Laudato Sì endereçando-a não apenas aos católicos e aos irmãos que
professam outros credos religiosos. Esta carta quer atingir as pessoas do mundo
inteiro, mobilizando-nos para que cuidemos daquilo que temos de mais precioso,
este doce lar que Deus nos concedeu para fazê-lo frutificar e expandi-lo
cuidadosamente para que seja de fato o caloroso abrigo aberto para todos. (nº3)
Todo
o apelo presente na Laudato Sì faz
com que recordemos as palavras do apóstolo Paulo na Carta aos romanos (8,22): “Pois sabemos que a criação inteira geme e
sofre as dores de parto até o presente”. Muitas vezes, parece que não vemos
com profundidade o mistério da encarnação do Verbo de Deus. Cristo assumiu a nossa
carne em toda a sua extensão, exceto no pecado como rezamos no Credo. Mas
recordamos que Cristo morou nesta terra que é a nossa Casa comum? Compreendemos
que o céu e a terra rejubilaram diante da encarnação do Filho de Deus? (Lc
2,14).
A
Sagrada Escritura revela a nossa vocação de templos que custodiam a presença de
Deus (1 Cor 3,16). Normalmente meditando sobre o templo pensamos em nós mesmos,
nas paróquias que conhecemos e talvez nas casas de oração que seguem outros
credos religiosos. Mas lembramos de que esta terra criada por Deus é também o
seu templo santo que vibra e louva e se regozija diante da sua presença? O que
fazemos com a terra-templo de Deus? Nós a protegemos? Empenhamo-nos para adorná-la
ou a dessacralizamos? Nossos esforços visam somente comercializá-la e
depredá-la?
Por
vezes não sabemos nos aproximar do sacramento da reconciliação, tecemos elogios
a nós mesmos, nos desculpamos afirmando que fomos impulsionados por outros, mas
extraindo da Laudato Sì um exame de
consciência para nos acompanhar durante o período quaresmal ajudados pela
Campanha da Fraternidade deste ano: “Casa
Comum, nossa responsabilidade”, certamente nos perguntamos: Como cuido da irmã
água? Cuido da água durante o banho e demais higienizações pessoais? Cuido da
água na limpeza dos utensílios e higienização do lar? Sei que muitas pessoas
enfrentam dificuldades para saboreá-la limpa e pura como Deus nos concedeu? Sei
que a irmã água é criatura de Deus? Sei que banhando o próprio Cristo pelas
mãos de João Batista, a irmã água foi ulteriormente santificada? Recordo que brotando
do coração de Jesus-Crucificado, a irmã água descortinou a Vida contida na
Ressurreição? (cf. C. da Fraternidade
de 2004: Fraternidade e Água)
Nem
tudo depende das políticas internacionais, para fomentá-las iniciemos com
políticas domésticas que se amadurecidas alcançarão dimensões sempre maiores.
Recordamos os problemas causados pela ausência da irmã água em 2014, no estado
de São Paulo. Fomos presenteados com tantas cenas noticiadas nos telejornais
que mostravam o cuidado com esta Casa
Comum que precisa da irmã água para resplandecer. Tais cenas foram
esquecidas? Ainda vemos descuido na lavagem de veículos e calçadas? Vazamentos
ininterruptos que tornam ainda mais escassa a irmã água?
Visando
repercussões sempre mais concretas da nossa fé, tenhamos um zelo maior por esta
Casa Comum. Não esqueçamos de que a
obra da Criação de Deus está sob os nossos cuidados. É este o pedido do nosso
amado Papa Francisco. Cuidar da Casa
Comum é cuidar da Casa de Cristo.
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