No
dia 13 de março de 2013 fomos surpreendidos com a chegada deste Papa argentino
chamado Francisco. Um filho de imigrantes que deixaram a pobre Itália em busca
de dias melhores nas terras latino-americanas. Nós que até então estávamos
habituados com a sucessão eurocêntrica de pontífices, fomos presenteados com um
Papa que é filho de uma terra que desde cedo conheceu as dores do martírio. Não
apenas o Brasil, mas toda a América latina é Terra de Santa Cruz.
Como
os santos inocentes, esta Terra enquanto ainda engatinhava e balbuciava seus
primeiros sons foi brutalmente esfaqueada, depredada por aqueles que usurparam
não apenas suas riquezas naturais, mas afetaram sua dignidade. Este outro lado
do mundo deu-nos o Papa que em meio aos senhores cardeais desconcertou-nos no
seu primeiro pronunciamento pedindo-nos que o abençoássemos. Foi desta Terra repleta
de privações impostas por tantos dominadores que o Espírito chamou este homem
para conduzir o rebanho de Cristo outrora confiado a Pedro.
O
mesmo Espírito que suscitou o jovem Francisco no século XIII guia o seu
pontificado que nos enche de alegria. Nas páginas da sua encíclica “Laudato Sì”
(nº1-3) o Papa retoma o canto de Francisco tantas vezes entoado e meditado nas
comunidades paroquiais. Este canto nos remete ao livro do Gênesis quando Deus
nos entrega a criação para que exerçamos um domínio que reside no serviço.
Sabemos
dos nossos espaços de catequese, que Deus nos deu a faculdade de nomear a
criação. Dar o nome significa definir a direção existencial, é participar do
processo de criação, por isso a humanidade é criada e ao mesmo tempo é
co-criadora. Deus mesmo no seu desígnio divino compartilha com a humanidade a
sua atividade criadora.
Toda
a criação é intercalada por este refrão: “E
Deus viu que isso era bom” (Gênesis 1, 10.12.18.21.25). No coração de Deus
a criação é boa, pois gera comunhão. A razão de ser da criação é gerar
comunhão, partilha e reconciliação. Relendo as páginas da criação não há espaço
para o exclusivamente meu, mas tudo é inteiramente nosso. Não há nada de
singular no relato da criação, não há nada de estreito e unilateral. Toda a
criação é plural. Singularizá-la e endereçá-la para os canais individuais da
desenfreada ganância humana é feri-la na sua identidade mais profunda que
consiste em ser-comum.
Utilizar
a Terra para acentuar os bens da minha família, da minha classe, da minha
empresa, da minha igreja é distanciá-la dos projetos de Deus que não criou os
latifúndios e os monopólios e sequer suporta vê-los regados por uma política seja
esta socialista utópica ou capitalista selvagem que aniquila o bem comum social,
gerando esta nefasta exclusão que sufoca a Criação-Comunhão.
Boa reflexão!!! Parabéns. O homem é um ser pensante, precisamos exercer melhor nosso raciocínio em prol da Criação-Comunhão.
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