Como
sabemos dos livros de história, nosso país é conhecido como Terra de Santa
Cruz. Nas páginas da humanidade, a Cruz foi expressão de sacrifícios atrozes
dos quais conhecemos alguns e muitos permanecem sob o peso de um silêncio de
conveniências e omissões. A Cruz traz consigo inúmeros crucificados e tantas
cenas demonstram que o Brasil é um país de Cruz e crucificados arrancados de
seus lares por algozes disfarçados. Travestidos de cordeiros, são lobos ferozes
que devoram as crianças brasileiras que são privadas de uma educação de
qualidade, cultivadora de valores indispensáveis para a sociedade.
Percorrendo
este tempo singelo na Igreja Católica, é importante que cresçamos no cuidado
com as crianças brasileiras. Os gritos da realidade impõem questionamentos que
encontram lugar na oração encarnando-a no hoje de uma história. Como o Estado cuida
das crianças deste país? Onde estão as creches prometidas durante as
propagandas eleitorais que invadiram os lares das famílias brasileiras? As mães
pobres deste país - como Maria retirante e peregrina -, possuem um lugar seguro
e acolhedor para seus filhos enquanto trabalham produzindo uma riqueza que
pouco as beneficia? Onde estão as escolas de tempo integral que ouvimos durante
uma campanha eleitoral que bradou o jargão “Lugar de criança é na escola”?
Ouvimos
o clamor da escola pública que está agonizando, depredada física e moralmente.
Confusa e de mãos atadas, a escola não sabe mais em que consiste o seu
verdadeiro papel social. A escola instrui ou educa? O triste hiato de uma
sociedade egocêntrica criou uma cisão entre a família e a escola. Quase não
conseguimos mais encontrar as parcerias que outrora as uniram em prol do
cuidado com as crianças. O ritmo frenético da sociedade fez com que a escola seja
procurada apenas quando os filhos estão em apuros. A escola deixou de ser um
lugar seguro. Este hiato nocivo a transformou num palco de agressões com
requintes de violência que tocam estudantes, professores e demais profissionais
da educação.
Com
a redução da maioridade penal, grande feito deste novo velho governo, as casas
de Brasília que abrigam os senadores e os deputados federais mostraram que neste
país, “Lugar de criança é na prisão”. O Estado brasileiro não pode ser omisso
no seu dever de educar as crianças pobres e célere para puni-las, sobretudo
quando nos deparamos com um aparato jurídico classista que lança os filhos sem
renda nos Centros de Atendimento ao Menor (CENAM) e encontra infindáveis
recursos que tutelam os filhos das famílias abastadas deste país de
desigualdades.
Dirigir-se
ao Deus que procura a humanidade nesta criança chamada Jesus é recordar
inúmeras crianças que neste país sequer tiveram um lugar digno para nascer, é
pensar as crianças abandonadas e desaparecidas, vitimas das violências
cometidas por aqueles que deveriam protegê-las contra todo e qualquer tipo de
agressão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário